Quais são os direitos dos autistas em concurso público?

Quais são os direitos dos autistas em concurso público

O direito dos autistas em concurso público é uma garantia assegurada pela legislação brasileira, pela qual garante a inclusão e a igualdade de oportunidades no acesso ao serviço público.

A inclusão de candidatos com Transtorno do Espectro Autista (TEA nos processos seletivos públicos tem como objetivo promover a equidade, considerando suas particularidades e necessidade, de forma a assegurar que todos concorram em condições compatíveis. 

Neste artigo, vou te mostrar quais são os direitos dos autistas em concursos públicos e o que fazer diante de negativas indevidas.

Direito dos autistas em concurso: o que diz a lei?

A Lei nº 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, reconhece o autista como pessoa com deficiência. 

Dessa forma, a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) assegura que os candidatos autistas tenham direito de concorrer às vagas reservadas às pessoas com deficiência (PCD) nos concursos públicos.

Além disso, os candidatos autistas também têm o direito de adaptações razoáveis durante todas as etapas do certame. Como, por exemplo:

  • Prova em ambiente separado e com menos estímulos sensoriais;
  • Tempo adicional para realização das provas;
  • Presença de acompanhante ou ledor, se necessário;
  • Flexibilização de horários para alimentação e descanso.

Mas atenção: o edital do concurso deve informar com clareza os procedimentos para solicitação das adaptações e os documentos necessários.

Como garantir o direito dos autistas durante o concurso?

O primeiro passo para garantir o direito dos autistas durante o concurso é solicitar as condições especiais durante o ato de inscrição. 

Em geral, as bancas examinadoras dos concursos exigem a apresentação de laudo médico atualizado, que comprove o diagnóstico de TEA e indique, as adaptações ou recursos necessários para a realização das etapas do certame.

Além disso, é importante lembrar que o autista pode concorrer tanto pelas vagas gerais quanto pelas vagas reservadas a PCDs. O candidato deve fazer a escolha no momento da inscrição, e a banca deve garantir tratamento equitativo em todas as demais fases.

Caso a pessoa autista tenha sua inscrição negada ou perceba que o seu direito não está sendo cumprido, poderá ser interposto recurso administrativo. E se, mesmo após apresentar recurso, o candidato tiver seu direito negado injustamente, ele poderá buscar a via judicial com o apoio de um advogado especializado em concurso público.

Etapas do concurso e seus impactos para candidatos com TEA

A seguir, entenda como cada etapa do concurso público pode ser adaptada para os autistas:

Prova objetiva e discursiva

Durante as provas objetiva e discursiva dos concurso públicos, os candidatos com TEA têm direito a: 

  • tempo adicional; 
  • local de prova diferenciado; 
  • material ampliado;
  • apoio específico, conforme a necessidade comprovada. 

Além disso, a banca deve garantir que o ambiente seja acolhedor, com o mínimo de estímulos sonoros e visuais.

Teste de Aptidão Física

No caso de concursos públicos que incluam o Teste de Aptidão Física (TAF), o edital deve permitir a realização da atividade com acompanhamento médico e, quando necessário, assegurar  adaptações compatíveis às condições do candidato.

Além disso, a banca deve considerar as limitações do candidato sem gerar qualquer prejuízo ao princípio da isonomia.

Avaliação Médica ou Psicológica

Na etapa de avaliação médica ou psicológica, a banca não pode usar o autismo como critério de eliminação, salvo em casos específicos e com fundamentação técnica.

Caso a eliminação seja subjetiva e sem argumento legal, o candidato pode questionar administrativamente ou judicialmente.

Heteroidentificação ou Avaliação de Títulos

Se o candidato autista também concorrer pelas cotas étnico-raciais ou apresentar títulos acadêmicos, a banca deve garantir os mesmos direitos de participação, conforme os critérios específicos de cada fase.

Quais informações são essenciais para garantir o direito dos autistas em concurso?

Para garantir o direito dos autistas em concurso, é importante que o candidato fique atento que o laudo médico:

  • seja claro e recente (normalmente, até 12 meses);
  • tenha o CID do autismo; e 
  • mencione explicitamente as necessidades do candidato.

Caso precise interpor recurso administrativo, o candidato deve ficar atento aos prazos do edital, incluir pareceres médicos complementares e fundamentar-se na Lei nº 12.764/2012 e na Lei nº 13.146/2015.

Além disso, se o recurso for negado de forma injusta, o candidato poderá recorrer à Justiça.

Conclusão

Para que os direitos das pessoas autistas sejam cumpridos nos concursos públicos, é fundamental que os editais sejam claros e as comissões organizadoras estejam devidamente preparadas.

Além disso, é preciso vigilância dos candidatos e atuação firme diante de qualquer negativa ou omissão por parte das bancas examinadoras.

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Perguntas frequentes sobre Direito dos Autistas em concurso

Agnaldo Bastos
Agnaldo Bastos

Advogado especialista em ajudar candidatos de concursos públicos que sofrem injustiças e, também, servidores públicos perante atos ilegais praticados pela Administração Pública, atuando em Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e em Ações de Ato de Improbidade Administrativa.

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