Concurso STM: Como elaborar um recurso para a prova discursiva?

concurso STM

Você sabia que a anulação de uma única questão pode transformar uma reprovação em nomeação?

No recente concurso do Superior Tribunal Militar (STM), essa possibilidade se concretizou  para diversos  candidatos que apresentaram recursos contra  questões elaboradas para o cargo de Analista Judiciário – Área Judiciária (AJAJ)

Ressalta-se que, os  pedidos de recurso apontaram erros de formulação, ambiguidade e falta de correspondência entre o conteúdo cobrado e a bibliografia oficial indicada no edital — e, mais do que simples reclamações, mostraram que um recurso bem fundamentado pode surtir efeitos práticos aos candidatos.

Contudo, nem todos os candidatos conseguiram ter os seus recursos deferidos. 

Por isso, neste artigo, você vai entender como elaborar um bom recurso para a prova discursiva do Concurso STM, quais são os passos para recorrer, quando é possível buscar a via judicial e quais estratégias podem aumentar suas chances de sucesso.

Vem comigo!

A importância da prova discursiva no Concurso STM

A prova discursiva é uma das etapas do Concurso STM. Nessa avaliação, considera-se  não apenas o conhecimento técnico do candidato, mas também sua capacidade de argumentação, a clareza e a coerência das ideias apresentadas pelo candidato.

Bem sabemos que uma boa redação pode ser o diferencial entre estar dentro ou fora da lista de convocados. Além disso, a correção da discursiva é de caráter  subjetivo, o que torna essencial a atenção aos critérios previstos no edital.

Quando o candidato identifica erros de correção, divergência entre o espelho e a resposta esperada, ou ausência de coerência na atribuição de notas, o recurso administrativo se torna o caminho legítimo para buscar justiça e transparência.

Isso porque todo candidato tem o direito de ter uma avaliação justa, e as bancas examinadoras estão vinculadas ao princípio da legalidade e à estrita observância do edital.

Assim sendo, qualquer questão que apresente erro material, dupla interpretação, falta de base bibliográfica oficial ou violação à objetividade e à isonomia pode ter anulação administrativa ou judicialmente.

Em outras palavras, recorrer não é “chorar o leite derramado”, e sim, exercer o seu direito de contestar algo que fere as regras do próprio edital.

Leia mais: Recurso da prova discursiva em concurso: tudo o que você precisa saber

Como funcionou o processo de recurso na prova discursiva do Concurso STM?

O processo de recurso no Concurso STM seguiu as regras estabelecidas pela banca organizadora. 

Desse modo, cada candidato teve o prazo definido em edital para apresentar seu recurso, que ocorreu  entre os dias 4 e 5 de junho. Ou seja, logo após a divulgação do resultado preliminar da prova discursiva.

Esse recurso foi  feito exclusivamente pelo site eletrônico da Cebraspe, e precisava conter argumentos objetivos, técnicos e dentro dos limites do edital.

O candidato teve direito ao espelho de correção?

Sim. O candidato do Concurso STM teve direito de acesso ao espelho de correção, que é o documento oficial que mostra como a banca atribuiu as notas em cada critério da prova discursiva.

O acesso ao documento foi essencial para que o candidato pudesse identificar inconsistências, erros materiais ou critérios aplicados de forma incorreta. 

Se você está participando de um concurso e o espelho não estiver disponível ou venha com informações genéricas, você pode questionar administrativamente e, em último caso, buscar o direito judicialmente.

Passo a passo para interpor o recurso administrativo no Concurso STM:

O prazo para interpor recurso administrativo no Concurso STM já passou, mas é sempre bom saber como fazer isso para outros concursos que você esteja participando ou ainda participará.

Desse modo, para o recurso ser efetivo, ele precisa ter estratégia, clareza e embasamento técnico. 

Abaixo está um guia prático passo a passo para te ajudar nesse processo em todos os concursos que você prestar.

1. Releia o edital e os critérios de avaliação

Antes de tudo, volte ao edital do Concurso STM. 

É nele que estão descritos todos os critérios de correção da prova discursiva, como estrutura textual, coerência, coesão e domínio do conteúdo.

Ao reler o edital, identifique se a banca realmente seguiu esses parâmetros. Se algum critério foi desrespeitado, você já tem um argumento sólido para rebater durante a confecção do recurso.

2. Identifique os erros na correção

Compare sua resposta com o espelho de correção e veja se a nota atribuída faz sentido lógico.

Por exemplo: se você abordou todos os tópicos exigidos e mesmo assim perdeu pontos em “conteúdo”, há uma possível inconsistência. 

Registre cada erro e aponte claramente, com base no texto da questão, onde houve equívoco da banca.

3. Seja objetivo e técnico

Um erro comum dos candidatos é escrever textos longos e emocionais. Evite isso.

Seu recurso deve ser curto, direto e fundamentado. Use expressões como “observa-se erro material”, “a correção não condiz com o edital” ou “a banca desconsiderou o argumento apresentado no item X”.

Evite reclamações genéricas — foque em fatos e fundamentos que ampare sua pretensão.

4. Utilize linguagem clara e formal

A linguagem do recurso precisa ser formal. Use frases curtas e mantenha a coerência jurídica.

Você pode utilizar citações de doutrina ou jurisprudência, mas de forma objetiva, apenas para reforçar seu argumento. 

Lembre-se: o avaliador precisa entender rapidamente o seu ponto.

5. Não copie modelos prontos

Cada prova discursiva é única. Copiar modelos de internet pode prejudicar a clareza e até incluir argumentos que não se aplicam ao seu caso.

Crie um texto original, que demonstre análise real da sua correção. Isso mostra à banca que você entendeu o conteúdo e buscou embasar o recurso com responsabilidade.

Saiba mais: A banca examinadora perdeu meu exame! Posso entrar com recurso

Minha nota da prova discursiva pode ser reduzida após o recurso?

Essa é uma dúvida comum entre candidatos ao Concurso STM.

A resposta é: em regra, não. O recurso administrativo tem como objetivo revisar possíveis erros, não punir o candidato. A banca pode manter a nota ou aumentá-la, mas raramente reduz.

Entretanto, é fundamental que o recurso seja respeitoso e técnico, sem acusações infundadas, pois o avaliador analisa não apenas o conteúdo, mas o tom do texto.

O caso do STM: um exemplo de recursos técnicos e bem embasados

No concurso do STM, diversos candidatos apresentaram recursos detalhados e fundamentados, citando leis, súmulas, doutrina e jurisprudência.

A utilização dessas medidas mostraram como a fundamentação técnica e científica é essencial e pode resultar em revisão de notas e reclassificação.

A jurisprudência do STJ e de tribunais estaduais já consolidou o entendimento de que o Poder Judiciário pode intervir em concursos públicos quando há violação a princípios constitucionais, como:

  • Vinculação ao edital
  • Legalidade
  • Motivação dos atos administrativos

O que fazer se o recurso administrativo for indeferido?

Como você viu anteriormente, se o recurso administrativo foi indeferido e o candidato perceber que o indeferimento não teve fundamentação, é possível buscar a via judicial.

Nesses casos, o caminho mais comum é por meio de ação ordinária ou mandado de segurança, instrumentos que garantem o respeito à legalidade, à razoabilidade e à ampla defesa.

Contudo, o Judiciário não reavalia o mérito da questão, apenas verifica se houve erro técnico ou violação do edital. 

Por isso, é essencial o acompanhamento de um advogado especialista em concursos públicos.

Passo a passo: como ingressar com uma ação judicial sobre a prova discursiva do Concurso STM

Quando o recurso administrativo é negado de forma genérica ou sem motivação, a ação judicial pode ser o próximo passo. 

Veja abaixo como esse processo funciona.

Analise o indeferimento do recurso

O primeiro passo é ler atentamente o motivo do indeferimento. 

Se ele não explicar de forma clara as razões da negativa, pode haver violação do princípio da motivação dos atos administrativos, o que abre espaço para ação judicial.

Reúna todos os documentos

Organize o edital, o espelho de correção, o recurso apresentado e a resposta da banca. 

Esses documentos serão essenciais para demonstrar inconsistências e possíveis erros de correção.

Ter tudo bem estruturado agiliza o processo.

Busque orientação jurídica especializada

Procure um advogado que tenha experiência em concursos públicos

Neste ponto, o especialista jurídico poderá avaliar se existem fundamentos jurídicos para ingressar com ação ordinária ou mandado de segurança, e qual a melhor estratégia no seu caso.

Acompanhe o andamento do processo

Após ingressar com a ação, acompanhe as movimentações judiciais junto ao seu advogado. 

Geralmente, os tribunais têm jurisprudência favorável em casos de erro evidente, garantindo a revisão da nota e, em alguns casos, a reclassificação do candidato.

Quando vale a pena recorrer à Justiça?

Vale a pena recorrer quando o candidato comprova que houve erro objetivo, ausência de motivação ou violação do edital.

Nesses casos, a atuação judicial não é apenas legítima, mas também essencial para garantir a isonomia e a transparência no processo seletivo.

O caso do Concurso STM mostrou que muitos candidatos conseguiram reverter notas e conquistar a nomeação ao buscar seus direitos com base técnica e apoio jurídico especializado.

Conclusão

Elaborar um bom recurso na prova discursiva do Concurso STM exige técnica, clareza e estratégia. Nem todo recurso será deferido, mas quando bem fundamentado, pode mudar completamente o resultado final.

Se o indeferimento for genérico ou desprovido de motivação, a via judicial é um caminho legítimo para garantir o respeito à legalidade e à ampla defesa.

O caso do STM mostrou, mais uma vez, que os recursos e ações judiciais são instrumentos legítimos de defesa dos candidatos e reforçam a transparência e a credibilidade dos concursos públicos.

Quando o candidato fundamenta corretamente e busca advogado especializado, as chances de reversão e reclassificação são reais.

Portanto, se você é concurseiro, lembre-se: entender seus direitos e agir com base técnica e estratégica pode ser o diferencial entre ficar de fora da lista ou ver seu nome entre os aprovados.

Perguntas frequentes

1. O recurso pode diminuir minha nota?
Não. Em regra, a banca apenas mantém ou aumenta a nota, não reduz.

2. Posso entrar na Justiça se meu recurso for negado?
Sim. É possível ingressar com ação judicial quando houver violação do edital ou falta de motivação no indeferimento.

3. Preciso de advogado para entrar com o processo?
Sim. A orientação de um advogado especializado em concursos é fundamental para garantir que o pedido seja formulado corretamente.

4. O que aumenta as chances de sucesso do meu recurso?
Clareza, embasamento técnico e respeito ao edital.

Agnaldo Bastos
Agnaldo Bastos

Advogado especialista em ajudar candidatos de concursos públicos que sofrem injustiças e, também, servidores públicos perante atos ilegais praticados pela Administração Pública, atuando em Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e em Ações de Ato de Improbidade Administrativa.

Leia mais artigos

Acompanhe nossas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Seja bem-vindo(a)! Ao navegar em nosso site você concorda com a nossa Política de Privacidade, por isso convidamos você a conhecê-la: acesse aqui.