Nova lei de cotas para concursos públicos: entenda o que pode mudar

Conheça as mudanças da nova lei de cotas para concursos públicos, que amplia a reserva de vagas para 30% e inclui indígenas e quilombolas.

Após dez anos de vigência, está em andamento no Congresso Nacional a nova lei de cotas para concursos públicos.

Isso porque na lei implementada em 2014 já estava previsto que a norma teria vigência pelo prazo de 10 anos.

Recentemente, foi retomado o debate sobre a prorrogação e ampliação das cotas raciais com a aprovação de uma nova legislação que amplia as cotas para 30% e, também, inclui indígenas e quilombolas entre os beneficiários.

Neste artigo, vou tratar sobre as mudanças previstas na nova lei, os impactos das cotas raciais nos concursos públicos federais, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto e a tramitação da nova lei na Câmara dos Deputados.

Impacto das cotas raciais nos concursos públicos federais

Nos últimos dez anos, a regra de cotas raciais em concursos públicos tem sido essencial para promover inclusão e diversidade no serviço público brasileiro.

Essa norma foi implementada pela Lei n.º 12.990/2014, que estabelecia uma reserva de 20% das vagas em concursos públicos federais para candidatos negros.

Nesse caso, essa política visa corrigir desequilíbrios históricos que persistem na sociedade brasileira, além de garantir uma representação mais justa e equitativa no setor público.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, cerca de 92,1 milhões de pessoas se declararam pardas, sendo 45,3% da população do país. Outras 20,6 milhões se declaram pretas (10,2%), enquanto 1,7 milhões se declararam indígenas (0,8%).

Portanto, a reserva de 20% das vagas em concursos públicos permitiu um aumento na participação de candidatos pardos e negros em cargos no serviço público.

Além disso, as cotas raciais contribuíram para a diversificação dos quadros de servidores, refletindo de maneira mais fiel à composição étnica da sociedade brasileira.

Inclusive, a presença de servidores públicos de diferentes origens étnicas enriquece a administração pública, trazendo perspectivas variadas e promovendo um ambiente mais inclusivo e representativo.

Fale agora com um especialista sobre seu caso.

Nova lei de cotas raciais para concursos públicos: conheça as alterações

A nova legislação aprovada pelo Senado traz mudanças bastante positivas na política de cotas raciais para concursos públicos federais.

Isso porque a principal alteração foi a ampliação da reserva de vagas de 20% para 30%.

Além disso, a nova lei também inclui indígenas e quilombolas entre às pessoas com direito às cotas, assim, incluindo outras minorias étnicas que historicamente enfrentam marginalização e exclusão.

Outra mudança relevante é a prorrogação da validade da política de cotas por mais 10 anos, até 2034.

A nova lei também estabelece procedimentos mais transparentes para a autodeclaração e a heteroidentificação, visando evitar fraudes.

Assim, com essas alterações, a nova legislação busca fortalecer a política de cotas, garantindo que mais brasileiros possam acessar oportunidades no serviço público.

STF prorroga cotas raciais em concursos até Congresso Nacional votar a nova lei

A expiração da Lei n.º 12.990/2014 ocorreria em 10 de junho de 2024, então o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou uma importante decisão para assegurar a continuidade das cotas raciais em concursos públicos federais. 

Assim, em resposta à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7654) ajuizada pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade, o ministro Flávio Dino concedeu uma liminar prorrogando a vigência da Lei de Cotas até que o Congresso Nacional aprove uma nova norma sobre o tema.

O ministro Flávio Dino argumentou que o prazo de 10 anos estabelecido pela lei original tinha como objetivo permitir a avaliação da eficácia da ação afirmativa.

Além disso, a interrupção abrupta das cotas sem essa avaliação seria contrária ao espírito da lei e às disposições constitucionais que promovem a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Ainda, a prorrogação foi justificada pela existência de concursos públicos em andamento ou recentemente concluídos, então a interrupção das cotas poderia gerar insegurança jurídica.

Por fim, a decisão do STF foi confirmada por unanimidade pelo Plenário, garantindo que as cotas raciais continuem valendo até que o Congresso Nacional conclua o processo legislativo necessário para aprovar a nova lei.

Tramitação da nova lei de cotas raciais na Câmara dos Deputados

Após a aprovação do novo projeto de lei pelo Senado, o texto foi enviado para a Câmara dos Deputados, onde passará por mais análises e votações.

Nesse caso, a tramitação na Câmara é um processo que envolve diversas etapas, incluindo a designação de um relator, a discussão em comissões e, finalmente, a votação no plenário.

Atualmente, o Projeto de Lei n.º 1958/2021 aguarda despacho do presidente da Câmara, Arthur Lira, para seguir adiante.

Mas uma audiência pública já foi realizada pela deputada Carol Dartora (PT-PR), na comissão de legislação participativa, para discutir o texto aprovado pelo Senado e destacar a importância de sua rápida aprovação.

A deputada enfatizou que as cotas raciais são uma ferramenta de reparação histórica e de construção de uma sociedade livre do racismo, então a urgência na aprovação do projeto é essencial para garantir a dignidade e a inclusão das populações beneficiadas.

Fale agora com um especialista sobre seu caso.

Conclusão

A renovação e ampliação da política de cotas raciais em concursos públicos federais representam um importante passo na luta por uma sociedade mais justa e inclusiva.

Desde a implementação da Lei n.º 12.990/2014, as cotas raciais têm sido um direito fundamental para corrigir desigualdades históricas e garantir que o serviço público reflita a diversidade da população brasileira.

Porém, o Congresso Nacional tinha até 10 de junho de 2024 para votar sobre a prorrogação ou criação de uma nova regras sobre as cotas raciais, mas isso não ocorreu.

Por isso, visando assegurar a estabilidade jurídica, após ser acionado, o STF prorrogou a vigência da lei até que o Congresso Nacional conclua a aprovação de uma nova norma.

Agora, conforme o projeto da nova lei, as cotas raciais serão ampliadas para 30% e incluirá indígenas e quilombolas, em razão dos desafios ainda existentes.

Esse projeto de lei ainda está em andamento, então quando for aprovado e sancionada a nova lei, vou atualizar para você aqui no blog.

Agnaldo Bastos
Agnaldo Bastos

Advogado especialista em ajudar candidatos de concursos públicos que sofrem injustiças e, também, servidores públicos perante atos ilegais praticados pela Administração Pública, atuando em Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e em Ações de Ato de Improbidade Administrativa.

Leia mais artigos

Acompanhe nossas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Seja bem-vindo(a)! Ao navegar em nosso site você concorda com a nossa Política de Privacidade, por isso convidamos você a conhecê-la: acesse aqui.