Exame psicotécnico em concursos: conheça as regras, motivos de reprovação e dicas valiosas

O exame psicotécnico é uma das fases que ocorre em alguns concursos públicos, visando selecionar pessoas com preparo psicológico para exercerem as funções em determinados cargos públicos.

Nos concursos, o receio de reprovação no exame psicotécnico, muitas vezes, é um ponto de preocupação para os candidatos. 

A ansiedade em relação a essa etapa é compreensível, uma vez que essa reprovação pode significar a perda da oportunidade tão sonhada. 

Neste artigo, vou detalhar o que é o exame psicotécnico, o que é avaliado durante esse teste, as principais causas de reprovação e, o mais importante, como se preparar eficazmente para enfrentar esse desafio.

Também falarei sobre as ilegalidades que são mais comuns em alguns concursos públicos, assim você não será pego de surpresa.

O que é o exame psicotécnico em concursos?

O teste psicotécnico em concursos públicos, também conhecido como avaliação psicológica ou teste psicológico, tem o objetivo de examinar as condições mentais dos candidatos para exercer as funções do cargo concorrido.

Ele serve para identificar as características psicológicas que revelam traços de personalidade que podem, ou não, influenciar no desempenho do profissional. Sendo assim, não é voltado para medir a inteligência do candidato.

Essa verificação ajuda a evitar a nomeação e posse de pessoas que, por ventura, apresentem anomalias psíquicas e podem prejudicar, de alguma forma, os órgãos públicos.

Quando pode ocorrer o teste psicotécnico em concursos?

O exame não pode ter a previsão apenas no edital do certame, ele deve estar respaldado na lei do cargo para o qual o respectivo concurso visa preencher as vagas. 

Portanto, a primeira questão já está solucionada: somente é possível exigir esse exame quando houver lei anterior que assim o determine. 

Inclusive, é o entendimento da Súmula 686 do Supremo Tribunal Federal, que diz o seguinte: “só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”.

O segundo ponto que merece destaque é o critério objetivo e científico que deve pautar o exame psicotécnico. Este é mais um direito do candidato que decorre dos princípios da impessoalidade, publicidade e segurança jurídica.

Portanto, além dos critérios objetivos e científicos, eles não podem ser aplicados de forma sigilosa, imotivada, sem possibilidade de recurso, sob pena de ilegalidade dos testes, gerando possibilidade de revisão pelo Poder Judiciário.

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O que diz a lei sobre o exame psicotécnico em concursos?

A Constituição Federal, no artigo 37, incisos I e II, determina que se deve respeitar os princípios, assim, uma lei irá estipular os critérios para investidura em concurso público, ou seja, para ocupar um cargo ou emprego público.

Dessa forma, é importante ressaltar que não se pode exigir teste psicotécnico se não houver uma lei sobre o cargo fundamentando o item exigido no edital, sob pena de ferir o princípio da legalidade.

Inclusive, o Supremo Tribunal Federal já decidiu sobre o assunto, conforme a Súmula Vinculante n.º 44: “só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.”

Veja alguns exemplos de cargos em que o teste é obrigatório:

Conforme o artigo 3º da Lei 9.654/98, deve ser feita a avaliação psicológica para o cargo de Policial Rodoviário Federal

Já o artigo 9º, inciso VII, da Lei 4.878/65 dispõe a mesma obrigação para o cargo de Policial Federal.

Portanto, reforço que o teste psicológico só pode ser realizado se houver lei dispondo expressamente sobre essa exigência. Quando o exame não tem previsão legal, não pode ser exigido pela banca examinadora.

O que é avaliado no psicotécnico dos concursos?

Durante o exame psicotécnico, são avaliadas diversas dimensões da personalidade e da capacidade cognitiva dos candidatos em concursos públicos.

Entre os aspectos frequentemente examinados, posso destacar:

  • Características imprescindíveis: apresentação pessoal, atenção difusa, capacidade de acatar normas e regras, capacidade de adaptação, controle emocional, dedicação, discernimento, bom senso, disciplina, honestidade, imparcialidade, prudência, rapidez de ação, reação e responsabilidade.
  • Características importantes: atenção concentrada, capacidade de observação, dinamismo, educação, energia/autoridade, iniciativa, memória fisionômica, memória visual, organização, percepção, resistência à frustração e sociabilidade.
  • Características necessárias: fluência oral, inteligência (raciocínio dedutivo/indutivo), persuasão e raciocínio verbal.

O exame psicotécnico no concurso é eliminatório?

Essa etapa é considerada eliminatória, mesmo que você tenha sido aprovado nas outras fases, como provas e investigação social, mesmo assim, ainda poderá ser excluído do concurso.

Em regra, os exames psicológicos são aplicados em certames da Polícia, Forças Armadas e Corpo de Bombeiros, mas também pode estar presente em outros concursos, conforme a lei que criou o cargo.

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Como se preparar para o exame psicotécnico em concursos públicos?

A preparação para o exame psicotécnico do concurso deve ser abrangente e cuidadosa. Aqui estão algumas dicas para se preparar de forma eficaz:

Conheça o perfil do cargo

Estude as atribuições e as habilidades necessárias para o cargo em disputa.

Isso ajudará a direcionar sua preparação e a entender quais características são mais relevantes para o teste.

Familiarize-se com os tipos de testes

Sabemos que o objetivo dos exames psicotécnicos é avaliar as condições psicológicas do candidato. Portanto, é fundamental que esse mesmo candidato tenha clareza que a análise ocorre a partir da aplicação de vários testes, como:

  • teste de personalidade;
  • teste de raciocínio;
  • teste de memória;
  • teste de habilidades específicas.

Cada concurso pode apresentar diferentes tipos de testes e o mais importante é ter o mínimo de conhecimento sobre eles com antecedência, até mesmo para não ficar perdido na hora de realizá-los.

Então procure informações sobre os tipos de testes psicotécnicos comuns em concursos públicos.

Isso inclui testes de raciocínio lógico, habilidades específicas, atenção concentrada e outros. 

Com isso, resolva amostras de testes anteriores para se familiarizar com os padrões de perguntas.

Entenda a dinâmica dos testes e mantenha a calma

Sabemos que independente do teste a ser realizado, manter a calma sempre será uma decisão inteligente. 

Compreender como os testes serão aplicados possivelmente ajudará a manter a tranquilidade e aumentar a confiança.

É muito mais fácil lidar com algo que já estamos mais familiarizados do que com aqueles desafios que parecem sobrenaturais, então, a dica é: busque entender a dinâmica dos testes com antecedência e não deixe o nervosismo tomar conta de você.

Busque referências

Outra dica importante é conversar e tirar dúvidas com pessoas que já passaram pelo exame psicotécnico em outros concursos. 

Busque saber quais foram os testes aplicados, as principais dificuldades na hora de realizá-los e a dinâmica estabelecida com os aplicadores do exame.

Embora cada concurso e teste possa apresentar particularidade, compreender a versão de outros candidatos pode ajudar na preparação ou, até mesmo, servir como referência nesta etapa do concurso.  

Fique atento ao que será avaliado

Muitos candidatos, ao se deparar com o exame psicotécnico, possuem dificuldades de compreender o que o teste quer avaliar e como ele avalia. Por isso, se atente a explicação de cada um deles.

No caso de um questionário de perguntas, verifique se está sendo solicitado para assinalar a alternativa correta ou errada ou se é para marcar o que você faria, ou não, na situação apresentada.

Procure aprender sobre estabilidade emocional

Pratique técnicas de controle emocional, como respiração profunda e mindfulness, para lidar com a ansiedade durante o teste.

Além disso, faça uma autoavaliação honesta de suas próprias habilidades e características pessoais. 

Isso ajudará você a responder às perguntas de maneira mais consistente.

Busque apoio profissional

Considere procurar a orientação de um profissional de psicologia ou coach especializado em preparação para concursos. 

Eles podem fornecer insights valiosos sobre como se preparar psicologicamente para o exame.

Fale agora com um especialista sobre seu caso.

Conclusão

Esse teste psicotécnico em concurso público tem o objetivo de selecionar pessoas psicologicamente preparadas para exercerem as funções de determinados cargos públicos.

No entanto, a reprovação no exame psicotécnico não deve ser encarada como um obstáculo insuperável. 

Isso porque existe a possibilidade de você discordar com o resultado final desse teste e, assim, recorrer de forma administrativa ou judicial.

Como vimos ao longo desse conteúdo, infelizmente, podem ocorrer diversas ilegalidades nos exames psicotécnicos realizados em concursos públicos. 

Nesse caso, para ajudar na análise de possíveis irregularidades, é fundamental a presença de um advogado especialista em concursos públicos e profissionais como psicólogos especializados na área para te ajudar a reverter a situação.

Agnaldo Bastos
Agnaldo Bastos

Advogado especialista em ajudar candidatos de concursos públicos que sofrem injustiças e, também, servidores públicos perante atos ilegais praticados pela Administração Pública, atuando em Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e em Ações de Ato de Improbidade Administrativa.

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Respostas de 10

  1. Muito bom suas explicaçoes sobre o psicotecnico e estou me preparando para fazer o mesmo aqui na bahia salvador do concurso da Guarda Municipal

  2. Prezados!
    Por condicionamento, devido aos treinos que realizava em casa nas apotilas, acabei circulando as alternativas de dois exemplos do caderno de avaliação do teste psicotécnico MVR. Não foi em alternativas do teste, mas sim dos exemplos.
    No caderno não estava escrito que era proibido riscar o caderno, porém, a fiscal informou verbalmente na sala.
    Vcs acham que esse fato é passível de recurso em caso de inaptidão?

  3. Dr., fui reprovado no Concurso de Agente Penitenciário do Goiás neste ano. Vale lembrar que não constava em Edital o quantum (pontuação) para aprovação, no entanto, depois no resultado saiu um mínimo que se deveria ter acertado para ser aprovado. No meu caso, tirei zero no palográfico e no questionário tirei 8, sendo que, segundo eles, eu precisava ter tirado 10. Vale lembrar que nos demais testes que tinham cunho objetivo no bojo desses testes fui aprovado. Dessa maneira, fui reprovado tão somente nos de cunho subjetivo: palográfico e questionário. Vale lembrar que minha colocação após a subjetiva (redação) foi 20ª para o Pólo de Rio Verde- GO, dentro das 72 vagas existentes.

  4. Fui furtado a caminho do teste psicológico e não consegui realizar o exame, porque, não tinha os documentos e identificação, fiz o boletim de ocorrência via net (SP), porém a banca queria o BO original, mais era impossível, até porque era domingo e a delegacia da policia civil mais próxima, estava fechada! cabe recurso neste caso?

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