O uso de drogas elimina no concurso público? Veja as regras e exceções

Uso de drogas elimina no concurso público: entenda as regras, exceções e como decisões judiciais recentes podem impactar sua aprovação.

Se você está se preparando para um concurso, já deve ter se perguntado se o uso de drogas elimina no concurso público.

Essa dúvida é comum entre muitos concurseiros, principalmente para quem está mirando carreiras que envolvem investigação social, como na área policial ou jurídica. 

E a verdade é que o uso de entorpecentes, mesmo que tenha ocorrido no passado, pode, sim, levantar preocupações durante o certame.

Neste artigo, vou explicar quais são as situações em que o uso de drogas pode realmente ser um problema e, principalmente, o que você pode fazer caso tenha um histórico de uso e queira seguir na disputa por um cargo público. 

Continue a leitura para entender tudo sobre o assunto e garantir que nenhuma dúvida atrapalhe seu caminho rumo à aprovação!

Uso de drogas elimina do concurso? Quais são as regras?

Em regra, o uso de drogas e entorpecentes não pode eliminá-lo dos concursos públicos.

Porém, a resposta final não é tão simples, pois depende de diversos fatores, como o tipo de cargo público, as exigências do edital e como a banca organizadora abordará essa questão durante a investigação social.

Em geral, o uso isolado de drogas no passado não deveria ser causa de eliminação automática

No entanto, muitos concursos, principalmente para carreiras na segurança pública, incluem uma investigação social rigorosa que pode considerar o uso de entorpecentes como um fator desabonador. 

Assim, é importante ficar atento às exigências do edital e como ele trata o tema da idoneidade moral e da conduta social.

Nesses casos, os concursos para a polícia, magistratura e Ministério Público, por exemplo, são áreas que tradicionalmente exigem uma conduta social irrepreensível. 

Desse modo, o uso de drogas, ainda que no passado, pode sofrer avaliação de forma mais severa. 

Entretanto, as decisões judiciais recentes têm trazido uma nova interpretação sobre o assunto, garantindo que você não seja eliminado de forma automática, principalmente quando há transparência e o evento ocorreu há muito tempo.

Ex-usuário e dependente químico

A situação de ex-usuários de drogas e dependentes químicos nos concursos públicos também merece atenção especial. 

De maneira geral, o simples fato de uma pessoa ter sido um ex-usuário não pode desclassificá-la isoladamente.

Isso acontece porque os tribunais defendem amplamente o princípio da reintegração social e a não aplicação de “penas perpétuas”.

Decisões do STJ, como o AREsp 1.806.617-DF, nos mostram que a eliminação de candidatos com histórico de uso de drogas, desde que esse comportamento tenha sido superado há muito tempo, viola o princípio da proporcionalidade. 

Ou seja, a fase de investigação social deve avaliar o contexto, e não simplesmente eliminar o candidato por um fato isolado de sua juventude.

Assim, dependentes químicos em tratamento ou que já superaram a dependência também podem recorrer judicialmente caso sejam eliminados injustamente. 

O importante é que essa situação seja tratada com transparência e que você demonstre que sua condição atual não afeta o exercício do cargo pretendido.

Condenação de drogas para consumo pessoal pode atrapalhar na aprovação em concurso público?

A condenação por porte de drogas para consumo pessoal pode, sim, atrapalhar a aprovação em um concurso público, principalmente se o edital do certame estipular critérios relacionados à idoneidade moral

Entretanto, é preciso analisar o contexto atual, incluindo a recente decisão do STF.

Em 2024, o STF decidiu que o porte de maconha para uso pessoal não é mais considerado crime, mas sim uma infração administrativa. 

Ou seja, a pessoa flagrada com até 40 gramas de maconha não responderá mais criminalmente, mas poderá enfrentar consequências como advertência ou a obrigação de participar de cursos educativos. 

Inclusive, se você tiver sido condenado por porte de maconha no passado, poderá solicitar a revisão da pena com base nessa decisão do STF.

Isso porque o tribunal permitiu que a decisão retroagisse para beneficiar pessoas condenadas exclusivamente por porte de pequenas quantidades de maconha, sem vínculo com o tráfico.

Então, isso pode impactar de forma positiva a vida dos candidatos a concursos, porque a justiça não registrará a condenação criminal por porte de maconha e, assim, eles não poderão sofrer prejuízo durante a investigação social.

Entretanto, é importante lembrar que a descriminalização ainda não se aplica a todas as substâncias e, em alguns concursos, especialmente para carreiras policiais e militares, o porte ou uso de qualquer droga pode ser considerado fator de eliminação, mesmo sem condenação criminal. 

Assim, a avaliação analisa caso a caso, então você deve ficar atento ao edital do concurso e às normas que o processo de investigação social estabelece.

Quais são as exceções em relação ao uso de drogas para eliminar do concurso?

Embora o uso de drogas e entorpecentes no passado não seja, por si só, motivo suficiente para eliminação, há algumas exceções. 

Em especial, nas carreiras ligadas à segurança pública, como a Polícia Militar, Bombeiros e Guarda Municipal, pois podem ter critérios mais rígidos na investigação social.

Nestes casos, a idoneidade moral também é um requisito fundamental para a sua aprovação!

Além disso, se o uso de drogas for recorrente ou se relacionar a práticas que comprometem o comportamento social do candidato, como envolvimento em atividades ilícitas ou desrespeito a normas sociais, pode ser motivo de eliminação.

Por fim, outro ponto importante é sua conduta atual, porque se você ainda faz uso de entorpecentes ou não demonstrar mudança significativa de comportamento, será mais difícil evitar a desclassificação.

Quem já usou drogas pode entrar na polícia?

Sim, quem já usou drogas no passado pode entrar na polícia, mas isso depende de uma análise aprofundada durante a investigação social. 

O importante é que você demonstre que o uso foi um fato isolado, ocorrido há muito tempo, e que atualmente sua conduta é compatível com a função pública.

Nesse sentido, decisões judiciais recentes têm confirmado que o uso de drogas no passado, por si só, não é motivo suficiente para desclassificação.

Em especial, se você for honesto ao declarar essa informação e tiver uma trajetória de vida que demonstra responsabilidade e comprometimento.

O que elimina no exame médico em concurso?

O exame médico em concursos públicos é uma etapa fundamental para avaliar se você tem condições físicas e mentais para o exercício do cargo. 

As causas de eliminação podem variar conforme a natureza do cargo, mas, em geral, problemas de saúde que comprometam o desempenho das funções exigidas pela posição podem ser motivos da desclassificação.

Além disso, o uso contínuo de substâncias psicoativas pode ser um fator de eliminação em concursos que exigem aptidão física e mental. 

Por isso, o exame toxicológico é comum em carreiras ligadas à segurança pública e, caso você seja reprovado, então pode ser eliminado.

O que elimina o candidato na investigação social do concurso?

A investigação social em concursos públicos avalia a idoneidade moral e a conduta social do candidato. Alguns fatores que podem eliminar o candidato incluem:

  • envolvimento em atividades criminosas, mesmo sem condenação penal;
  • uso de drogas ilícitas recente ou comprovado;
  • declaração de informações falsas ou omissão de fatos importantes no formulário de investigação;
  • desrespeito às normas sociais ou práticas que coloquem em risco a segurança de terceiros.

A investigação social não se restringe a condenações criminais, podendo incluir o histórico de comportamento do candidato no trabalho e na sociedade.

Conclusão

O uso de drogas no passado não é, necessariamente, uma barreira intransponível para quem deseja aprovação no concurso e ingressar no serviço público. 

No entanto, é essencial que você esteja atento aos critérios do edital e tenha uma postura transparente durante a investigação social. 

A legislação e as decisões judiciais recentes estão cada vez mais levando em consideração o contexto e a trajetória de vida dos candidatos, evitando que situações antigas e superadas sejam usadas para sua desclassificação. 

Assim, caso você se encontre em uma situação parecida, buscar orientação de um advogado especialista é sempre a melhor opção para garantir os seus direitos.

Agnaldo Bastos
Agnaldo Bastos

Advogado especialista em ajudar candidatos de concursos públicos que sofrem injustiças e, também, servidores públicos perante atos ilegais praticados pela Administração Pública, atuando em Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e em Ações de Ato de Improbidade Administrativa.

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